O incidente que mudou a vida de Bruno
O entregador Bruno Rodrigues Ventura dos Santos, de 29 anos, está em uma luta pela vida, internado em coma induzido na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um pronto-socorro em São Gonçalo, no Rio de Janeiro. Sua condição é resultado de uma grave complicação durante uma sessão de hemodiálise na clínica particular Nice Diálise, conveniada ao Sistema Único de Saúde (SUS), no dia 20 de agosto.
A família de Bruno, que reside em Maricá e se desloca até São Gonçalo três vezes por semana para o tratamento, alega que a tragédia foi causada por um erro no procedimento. O pai do paciente, Márcio Luiz dos Santos, relatou à polícia que o próprio diretor técnico da clínica admitiu a falha, informando que a máquina de diálise usada em Bruno estava com resíduos de ácido peracético, um composto químico de limpeza. O produto, acidentalmente, foi introduzido na corrente sanguínea do paciente.
A dinâmica do erro e a reação da família
Segundo o boletim de ocorrência registrado na 72ª DP (São Gonçalo), a contaminação ocorreu durante a troca da profissional que atendia Bruno. Márcio Luiz, o pai, ressaltou que o filho sempre era atendido pela mesma técnica, mas, naquele dia, uma nova pessoa foi colocada para o procedimento. “A gente não sabe se foi por imperícia, imprudência, só sei que não teve cuidado”, desabafou Márcio.
A família estava na recepção da clínica e não foi informada sobre o que estava acontecendo. Márcio só soube da gravidade da situação quando viu o filho ser retirado em uma maca, já em estado crítico. “Nós estávamos lá dentro, ninguém falou nada. Quando vimos, ele já estava inchado, sangrando e entubado. Se não fosse o socorro rápido, ele teria morrido na hora”, afirmou, destacando a falta de comunicação por parte da clínica. Bruno foi levado às pressas para o Pronto Socorro Central Dr. Armando Gomes de Sá Couto, no bairro Zé Garoto, onde permanece internado.
O quadro clínico e a investigação
O laudo médico da unidade de saúde onde Bruno está internado confirma a contaminação pelo produto químico. O documento aponta que o paciente sofreu hemorragia cerebral, edema e insuficiência respiratória aguda como consequências diretas do episódio. A Polícia Civil de São Gonçalo investiga o caso como lesão corporal por imperícia, buscando esclarecer as circunstâncias que levaram ao trágico acidente.
Em meio ao sofrimento da família, as autoridades de saúde também se manifestaram. A Prefeitura de São Gonçalo confirmou que o estado de saúde de Bruno é gravíssimo, enquanto a Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil informou que a fiscalização da clínica é responsabilidade da Vigilância Sanitária Estadual. Por sua vez, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) disse que a Superintendência de Vigilância Sanitária iniciou um processo de investigação minuciosa para apurar os fatos e tomar as medidas cabíveis.
Inconsistências sobre a regulamentação da clínica
A investigação policial levantou uma informação preocupante sobre a Nice Diálise. De acordo com o boletim de ocorrência, o estabelecimento estava operando com o certificado de regularidade vencido desde o dia 28 de junho de 2025. Essa constatação levanta sérias questões sobre a segurança e a conformidade da clínica.
No entanto, a Secretaria Estadual de Saúde (SES), em um comunicado, contradisse a informação da polícia, afirmando que as equipes da Superintendência de Vigilância Sanitária estiveram no local e constataram que as licenças sanitárias para o funcionamento da unidade estão “em dia”. A discrepância entre os relatos da polícia e da SES precisa ser esclarecida, pois impacta diretamente a responsabilidade legal da clínica no caso.
Enquanto a Polícia Civil e a Vigilância Sanitária apuram o ocorrido, órgãos como o Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj) e o Conselho Regional de Enfermagem do Rio (Coren) ainda não se pronunciaram sobre o caso, o que aumenta a expectativa por um posicionamento oficial sobre a conduta profissional dos envolvidos.
Conclusão
O caso de Bruno Rodrigues Ventura dos Santos é um triste exemplo das falhas que podem ocorrer em procedimentos médicos e suas consequências devastadoras. O incidente não apenas colocou em risco a vida de um jovem, mas também expôs a vulnerabilidade dos pacientes e a importância da fiscalização rigorosa em estabelecimentos de saúde. A divergência de informações sobre a licença da clínica reforça a necessidade de uma investigação transparente e ágil para que a verdade seja estabelecida e a justiça seja feita. Enquanto Bruno luta por sua vida no hospital, sua família busca respostas e justiça, esperando que um erro tão grave não volte a se repetir. A sociedade, agora atenta a este caso, espera que as autoridades competentes garantam a segurança e o bem-estar dos pacientes que dependem de tratamentos vitais como a hemodiálise.
Com informações do site: G1
