O início da operação contra a quadrilha
A manhã desta quinta-feira, 28 de agosto, foi marcada por uma importante ação da Polícia Civil do Rio de Janeiro. A 78ª DP (Fonseca), com o apoio da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), deflagrou uma operação de grande escala contra um grupo criminoso especializado em golpes contra idosos. O objetivo era cumprir seis mandados de prisão e sete de busca e apreensão. A ação visa desarticular uma organização que causou prejuízos de até R$ 30 mil a algumas de suas vítimas, explorando a confiança e a vulnerabilidade de pessoas mais velhas.
O delegado Gabriel Poiava, à frente das investigações, explicou a importância da operação, ressaltando que a quadrilha atuava de forma contundente e com um alto grau de organização. A ofensiva policial, que se concentrou em Bangu, na Zona Oeste do Rio, local considerado a base de operações do grupo, surpreendeu os alvos em suas residências.
A prisão de um dos chefes do grupo
O principal resultado da operação até o momento foi a prisão de Marcus Vinícius Lima dos Santos, apontado pelas investigações como um dos líderes da organização criminosa. Ele foi localizado e detido em sua casa, em Bangu, onde foi surpreendido ainda dormindo pelos agentes. A prisão de Santos representa um golpe significativo na estrutura do bando, que, segundo a polícia, era responsável por coordenar a série de fraudes.
Além dele, outros cinco alvos, incluindo quatro mulheres, eram procurados. As investigações revelaram que o papel das mulheres no esquema era crucial: elas eram as responsáveis por ir até as casas das vítimas para a aplicação direta do golpe. Uma delas, inclusive, já havia sido presa em flagrante há menos de dois meses, mas foi solta após audiência de custódia e, agora, é novamente procurada pela Justiça, mas não foi localizada na nova investida policial.
O sofisticado método do golpe
O modus operandi dos criminosos era planejado para enganar especificamente aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Eles se apresentavam como falsos funcionários de prefeituras e ofereciam supostos benefícios sociais, uma tática para ganhar a confiança das vítimas e obter suas informações pessoais e bancárias.
Segundo o delegado Gabriel Poiava, a abordagem era sempre a mesma. Os golpistas chegavam a apresentar um cartão falso e pediam para tirar fotos da carteira de identidade dos idosos, sob o pretexto de fazer um “cadastro” para o suposto benefício. Para selar o acordo e diminuir a desconfiança, eles ainda davam um pequeno valor em dinheiro para a vítima, alegando ser um “auxílio-gás” imediato.
Na realidade, o cartão e o dinheiro eram apenas parte da encenação. As fotos dos documentos eram usadas para abrir contas bancárias digitais em nome das vítimas, sem o consentimento delas. O falso “auxílio” servia para ganhar tempo, enquanto os criminosos utilizavam as novas contas para contratar empréstimos consignados em nome dos idosos, aproveitando a margem disponível para os benefícios do INSS.
Descoberta e prejuízo
As vítimas só se davam conta da fraude meses depois, ao notarem descontos indevidos em seus benefícios. Em muitos casos, os empréstimos fraudulentos comprometiam grande parte da renda dos aposentados e pensionistas. O delegado Poiava destacou a dimensão do problema: “Só aqui, tivemos quase 15 investigações envolvendo essa mesma quadrilha, sem contar outras delegacias”. O total do prejuízo, somando-se os casos investigados pela 78ª DP, é estimado em centenas de milhares de reais, considerando que algumas vítimas relataram perdas de até R$ 30 mil.
Para combater a vulnerabilidade, as autoridades reforçam a importância da cautela. O delegado alertou a população, especialmente os idosos e seus familiares, para a necessidade de verificar a existência de qualquer benefício social antes de fornecer informações. “Nunca receba ninguém em casa sem antes se certificar de que se trata de uma pessoa idônea, de um serviço legítimo”, recomendou Poiava, destacando que a prevenção é a melhor forma de se proteger contra este tipo de crime.
Conclusão
A prisão de um dos líderes dessa quadrilha representa um passo crucial para desmantelar um esquema que explora a vulnerabilidade e a confiança da população idosa. O golpe, que utiliza falsas promessas e a apropriação de dados pessoais para contratação de empréstimos fraudulentos, evidencia a necessidade de maior atenção e cuidado. A ação da Polícia Civil é um aviso claro de que as autoridades estão atentas e dispostas a combater esse tipo de crime. No entanto, a conscientização e a vigilância de todos, principalmente dos idosos e de seus familiares, são as ferramentas mais eficazes para evitar que novas vítimas sejam lesadas por criminosos.
Com informações do site: G1
