O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), reiterou neste sábado, 26 de julho de 2025, sua defesa por duas propostas consideradas cruciais para a economia brasileira a partir de 2026: a reforma administrativa e a desvinculação de receitas. As declarações foram feitas durante sua participação em um painel na Expert XP, evento de investimentos que reúne importantes figuras políticas e econômicas. O debate contou também com a presença dos governadores de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e do Paraná, Ratinho Jr. (PSD), que compartilharam suas visões sobre os desafios da gestão pública e as perspectivas para o futuro do país.
A visão de Tarcísio sobre liderança e harmonia política
Ao abordar a viabilidade das reformas propostas, Tarcísio de Freitas enfatizou o papel da liderança política. “O Congresso topa essa agenda? Topa se tiver liderança”, defendeu o governador, indicando que a capacidade de articulação do Executivo é fundamental para o avanço de pautas significativas no Legislativo.
O governador de São Paulo utilizou a experiência de seu próprio estado como exemplo de como os Poderes podem atuar em conjunto. Segundo ele, São Paulo oferece um “grande exemplo para o Brasil”, demonstrando que os Poderes Legislativo e Executivo podem trabalhar de forma independente, mas em harmonia, em suas respectivas agendas. Tarcísio de Freitas destacou a relação com os deputados estaduais, afirmando que o governo paulista se empenha em “explicar cada ação do governo” e que isso tem permitido “avançar nas reformas que propomos”. Ele também ressaltou o protagonismo dos parlamentares nas ações de seu governo, indicando uma abordagem de parceria na gestão.
A crítica de Caiado ao presidencialismo e à gestão do orçamento
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, abordou as dificuldades enfrentadas pelo sistema presidencialista brasileiro, especialmente diante do que ele descreve como o avanço do Congresso Nacional sobre a execução orçamentária. Caiado defendeu que o presidente da República deve possuir um mandato claro para “enfrentar e resolver os problemas” do país. Em uma declaração que sinaliza suas aspirações políticas futuras, Caiado afirmou ser pré-candidato à presidência da República com essa mentalidade.
“Se eu for presidente, vou exercer o presidencialismo, sou eu que vou mandar no Orçamento”, declarou Caiado, delineando sua visão sobre a distribuição de poder. Para ele, a “função do Congresso é legislar e acompanhar o orçamento, e não ser o seu gestor”, evidenciando uma preocupação com o equilíbrio entre os poderes e a centralidade da prerrogativa orçamentária no Executivo.
Caiado também direcionou críticas ao trabalho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O governador goiano afirmou que Haddad faz parte do “baixo clero” e que não é consultado em decisões importantes, sugerindo uma suposta falta de influência do ministro dentro da estrutura governamental e nas discussões econômicas relevantes.
Ratinho Jr. e a importância do controle das contas públicas
O governador do Paraná, Ratinho Jr., por sua vez, enfatizou a importância do controle das contas públicas, sublinhando que o Brasil atravessa um momento financeiro desafiador. “Quem não cuida das contas públicas não cuida das pessoas”, declarou Ratinho Jr., reforçando a ideia de que a responsabilidade fiscal é diretamente ligada à capacidade de o Estado promover o bem-estar da população e oferecer serviços essenciais.
Em uma declaração que gerou repercussão, Ratinho Jr. fez referência à realização da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) em Belém, prevista para o final do ano. Ele alegou que os recursos financeiros a serem gastos pelo governo com o evento climático seriam suficientes para pavimentar “100% das ruas de 500 cidades do Brasil”. A fala do governador paranaense coloca em perspectiva os investimentos em eventos internacionais versus as necessidades de infraestrutura básica em municípios brasileiros, levantando um debate sobre prioridades orçamentárias.
Contexto da discussão sobre reformas e gestão
As discussões sobre reforma administrativa e desvinculação de receitas são temas recorrentes no cenário político-econômico brasileiro. A reforma administrativa visa modernizar a máquina pública, otimizar gastos e tornar o serviço público mais eficiente, muitas vezes enfrentando resistência de setores que veem perdas de direitos e estabilidade. Já a desvinculação de receitas busca dar maior flexibilidade ao governo na gestão do orçamento, permitindo que os recursos sejam alocados de forma mais estratégica, sem as amarras de destinações específicas que podem engessar a administração pública. Esses debates ganham ainda mais relevância em um contexto de busca por equilíbrio fiscal e crescimento econômico.
A tensão entre o Executivo e o Legislativo sobre o controle do orçamento, mencionada por Caiado, reflete um aspecto central do presidencialismo de coalizão no Brasil, onde a capacidade de governar muitas vezes depende da negociação e do compartilhamento de poder com o Congresso, especialmente na alocação de recursos via emendas parlamentares.
Conclusão e perspectivas políticas
As declarações dos governadores Tarcísio de Freitas, Ronaldo Caiado e Ratinho Jr. no painel da Expert XP destacam a preocupação crescente com a gestão econômica e a eficiência do Estado brasileiro. A defesa da reforma administrativa e da desvinculação de receitas aponta para a busca por maior flexibilidade e modernização na administração pública. As críticas de Caiado ao papel do Congresso na execução orçamentária e as observações de Ratinho Jr. sobre o controle de gastos ilustram as diferentes abordagens e prioridades dentro do campo político. Essas discussões são fundamentais para o debate sobre o futuro do Brasil e indicam as pautas que provavelmente dominarão o cenário político-econômico nos próximos anos, especialmente com as vistas voltadas para as eleições de 2026.
Com informações do site: CNN Brasil
