O Plano e a Defesa do General no STF
Em seu interrogatório perante o Supremo Tribunal Federal (STF), Fernandes tentou desqualificar a gravidade do documento, descrevendo-o como um mero “pensamento” e um “estudo de situação” que ele próprio digitalizou. Ele negou veementemente ter compartilhado ou apresentado o plano a qualquer outra pessoa. “Esse arquivo digital nada mais retrata do que um pensamento meu que foi digitalizado. Um compilar de dados, um estudo de situação meu, uma análise de riscos que eu fiz e por costume próprio resolvi digitalizar. Não foi apresentado a ninguém e nem compartilhado com ninguém”, declarou o general.
As Impressões Suspeitas e a Versão da PF
Apesar da alegação de que o documento era apenas para seu consumo pessoal, Fernandes confirmou que o imprimiu, justificando a ação para “ler melhor e não forçar a vista”, e que o rasgou logo em seguida. No entanto, as investigações da Polícia Federal (PF) contradizem essa versão, indicando que três cópias do plano foram impressas pelo general no próprio Palácio do Planalto. A PF aponta ainda que, cerca de quarenta minutos após uma das impressões, Fernandes teria dado entrada no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência, onde se encontravam Jair Bolsonaro e o tenente-coronel Mauro Cid.
Coincidência ou Conexão? O Questionamento da PGR
Questionado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a impressão de múltiplas cópias e uma reimpressão do plano em outra data, com um intervalo de um mês da primeira, o general afirmou não se lembrar de ter impresso mais de uma cópia, sugerindo que poderia ter sido uma “configuração da impressora”. Quanto à impressão em outra data, ele alegou que a fez por ter tido uma “nova ideia” e alterado o documento. A PGR, no entanto, mantém o foco na consistência das provas e depoimentos. Fernandes negou categoricamente ter apresentado o plano a Bolsonaro, alegando que o horário de sua entrada no Alvorada foi uma “coincidência” relacionada às suas atribuições administrativas.
O Contexto da Investigação e a Delação de Mauro Cid
As investigações da Polícia Federal, por sua vez, sugerem que Jair Bolsonaro tinha “pleno conhecimento” do plano, contrariando a versão do general. O interrogatório de Mario Fernandes no STF marca a etapa final da fase de instrução (investigação) no processo contra o núcleo 2 da organização que, segundo as autoridades, teria arquitetado um plano de golpe de Estado. A delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, é um pilar importante dessa investigação, apontando Mario Fernandes como um dos generais que mais incentivavam as Forças Armadas a agirem para tentar impedir a posse de Lula em 2022.
Conclusão
A admissão do general Mario Fernandes sobre a autoria do plano “Punhal Verde e Amarelo” adiciona uma camada de complexidade às investigações sobre supostas tentativas de golpe de Estado no Brasil. Enquanto o general tenta minimizar a importância do documento, as evidências e delações apontam para um cenário de conspiração com implicações sérias para a democracia. O desfecho deste caso, que envolve figuras de alto escalão e a segurança nacional, será crucial para a compreensão dos eventos políticos recentes e para a consolidação das instituições democráticas do país.
Com informações do site: CNN Brasil