O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou uma ordem executiva que oficializa a elevação das tarifas sobre produtos brasileiros para um total de 50%, um movimento que marca uma nova escalada nas tensões comerciais entre as duas nações. Contudo, o documento traz uma importante lista de exceções que, para alívio de setores estratégicos no Brasil, não serão afetados por essa sobretaxa. Entre os itens poupados, destacam-se petróleo, suco de laranja, e produtos de aviação, o que gera questionamentos sobre a lógica por trás da medida americana.
A decisão de Trump, que eleva em 40% a tarifa já existente de 10% aplicada desde o dia 2 de abril, abala as cadeias de valor e o planejamento de exportadores brasileiros. A notícia, que foi confirmada nesta quarta-feira (30), já vinha sendo motivo de grande preocupação para o governo brasileiro e para o setor produtivo, que temia um impacto devastador nas relações comerciais com os EUA, um dos principais parceiros do Brasil.
A Estratégia Seletiva de Washington
Apesar da medida abrangente, a lista de exceções contida no decreto demonstra uma abordagem estratégica por parte de Washington. Os itens poupados das novas tarifas são, em grande parte, produtos essenciais para a economia americana ou para setores industriais específicos dos EUA. A isenção de produtos como suco de laranja, petróleo e produtos de aviação civil sugere que o governo americano busca exercer pressão sobre o Brasil sem prejudicar suas próprias indústrias e cadeias de suprimentos.
Essa seletividade tem gerado debates. Se, por um lado, alivia a pressão sobre alguns dos principais motores da exportação brasileira, por outro, expõe a fragilidade de outros setores que não tiveram a mesma sorte. A medida reforça a percepção de que a política tarifária de Trump é menos sobre o equilíbrio comercial e mais sobre o uso do poder econômico como uma ferramenta de pressão política e estratégica.
Quais Setores Escaparam da Taxação Agressiva?
A lista de exceções é extensa e abrange cerca de 700 categorias de produtos. Além dos já mencionados petróleo, suco de laranja e aviões, outros setores importantes foram poupados. A celulose, um dos principais produtos de exportação do Brasil, foi incluída na lista de isenções. O mesmo se aplica a carvão, aço e seus subprodutos, embora a questão do aço seja um pouco mais complexa, como veremos adiante.
A lista inclui também artigos de aeronaves, exceto as de uso militar, seus motores, peças e componentes. Adicionalmente, simuladores de voo terrestre e suas peças também não serão afetados. As castanhas de origem nacional e outros itens alimentícios específicos também foram poupados, proporcionando um respiro para os produtores brasileiros desses insumos.
A Situação do Aço e Outros Desafios
Apesar de o aço e seus subprodutos estarem na lista de exceções do novo decreto, o setor já enfrenta uma grande barreira comercial com os Estados Unidos. Desde junho, todo o aço que entra no país é tarifado com uma alíquota global de 50%. Essa medida anterior, que já afetava as exportações brasileiras, continua em vigor, independentemente do novo decreto. O Brasil é o segundo maior exportador de “aço e ferro” para os americanos, ficando atrás apenas do Canadá, o que torna o impacto dessa sobretaxa global ainda mais significativo para a economia nacional.
A ausência de outros produtos importantes na lista de exceções também é motivo de preocupação. Carne, café e frutas, que têm uma forte presença na pauta de exportações brasileiras para os EUA, não foram poupados. Isso significa que esses setores deverão arcar com a tarifa de 50%, o que pode comprometer seriamente sua competitividade no mercado americano e causar grandes prejuízos aos produtores.
Conclusão
A ordem executiva de Donald Trump que impõe uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros, embora abrangente, revela uma estratégia de exceções calculadas. Ao poupar setores como petróleo, aviação e suco de laranja, Washington tenta evitar impactos em suas próprias indústrias, ao mesmo tempo em que mantém a pressão política e econômica sobre o Brasil. A medida, no entanto, deixa setores vitais como carne e café expostos a um aumento tarifário que pode ser devastador. A situação do aço, já comprometida por uma tarifa global anterior, serve como um lembrete da complexidade e da imprevisibilidade da política comercial americana. O cenário exige do Brasil uma resposta diplomática e econômica cautelosa para mitigar os danos e buscar novos caminhos para o comércio internacional.
Com informações do site: CNN Brasil