Setor Privado Brasileiro Estratégia Diálogo com Washington
O setor privado brasileiro, em colaboração com o governo federal, está se preparando para uma série de negociações cruciais em Washington. O principal objetivo é persuadir as autoridades americanas a reconsiderarem a proposta de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. A argumentação central dos empresários é audaciosa e estratégica: tal medida poderia, paradoxalmente, impulsionar a influência da China no Brasil, um cenário que os Estados Unidos, historicamente, buscam evitar. Essa abordagem inovadora visa apresentar um panorama mais amplo das consequências geopolíticas e econômicas da imposição de barreiras comerciais.
Argumento Geopolítico Ganha Força entre Parlamentares
A mesma linha de raciocínio tem sido adotada por um grupo de senadores brasileiros que também tem viagem agendada para a capital americana. Conforme revelado pela analista de economia da CNN, Thais Herédia, a ideia subjacente a essa estratégia é que as tarifas propostas por Washington transcendem o mero aspecto econômico, inserindo-se em um contexto mais amplo de política externa e geopolítica. Essa perspectiva é reforçada por declarações anteriores do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que em sua carta anunciando a tarifa, já havia inserido um tom político ao mencionar nominalmente o ex-presidente Jair Bolsonaro, e em outras ocasiões, ameaçou sobretaxar países do Brics ou nações com posturas consideradas “antiamericanas”.
Desafios e o Acesso à Casa Branca
Apesar da coesão na argumentação, a estratégia brasileira enfrenta obstáculos significativos. Nem o setor privado, nem o grupo de senadores possuem acesso direto à Casa Branca, o que pode dificultar a apresentação de suas ponderações aos mais altos escalões do governo americano. No entanto, o plano dos produtores brasileiros é focar em autoridades e empresas americanas, buscando construir um consenso e demonstrar que, caso o objetivo das tarifas seja afastar o Brasil de iniciativas como a desdolarização, o resultado prático pode ser justamente o oposto, impulsionando a cooperação brasileira com economias alternativas.
A Proximidade Crescente entre Brasil e China
Atualmente, as relações comerciais entre Brasil e China encontram-se em um dos seus pontos mais próximos na história. A ascensão e o crescimento do bloco Brics, com a adesão de novos países membros nos últimos anos, são um testemunho dessa reconfiguração do cenário geopolítico e econômico global. Empresários brasileiros, que conversaram com a CNN, acreditam que existem pontos cruciais a serem destacados aos americanos, a fim de ilustrar como uma política tarifária punitiva pode acelerar essa aproximação com a potência asiática, em vez de freá-la.
Conclusão: A iminente imposição de tarifas por parte dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros está impulsionando o setor privado e parlamentares a adotarem uma estratégia ousada: alertar Washington sobre o risco de fortalecer a influência chinesa no Brasil. Essa abordagem, que enxerga as tarifas sob uma lente geopolítica, busca demonstrar que o isolamento comercial do Brasil pelos EUA pode ter um efeito reverso, empurrando o país sul-americano para uma maior dependência de outros parceiros, especialmente a China. O sucesso dessa articulação será crucial para os rumos das relações comerciais e geopolíticas entre as duas maiores economias das Américas.
Com informações do site: CNN Brasil
