O Plano Revelado e os Alvos Designados
O documento, cujo conteúdo foi revelado pela Polícia Federal (PF), identificava o presidente eleito Lula e o vice-presidente Alckmin, ambos da chapa vitoriosa em 2022, além do ministro do STF Alexandre de Moraes, como alvos de um esquema de assassinato. O general Fernandes, que atuava no Palácio do Planalto, o mesmo local onde Jair Bolsonaro despachava, está agora sob investigação no âmbito da ação penal que apura a suposta trama golpista de 2022, na qual Bolsonaro também é réu.
A Versão do General: “Pensamento Digitalizado” e Arrependimento
Durante seu interrogatório no STF na última quinta-feira (24), Fernandes tentou minimizar a gravidade do plano, descrevendo-o como um mero “pensamento digitalizado” que ele havia escrito e impresso para facilitar a leitura, sem a intenção de compartilhá-lo. “Esse arquivo digital [plano Punhal Verde e Amarelo] nada mais retrata do que um pensamento meu que foi digitalizado, um compilar de dados, um estudo de situação meu, de pensamento. Uma análise de riscos que eu fiz e, por um costume próprio, decidi digitalizá-lo. Não foi apresentado a ninguém ou compartilhado com ninguém”, afirmou o general, complementando que se arrepende de ter digitalizado o documento.
Provas da PF e a Conexão com Mauro Cid
Apesar das negativas de Fernandes, a investigação da Polícia Federal encontrou informações sobre o plano “Punhal Verde e Amarelo” em arquivos apagados do celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Essa descoberta foi crucial para a operação da PF em novembro de 2024, que ligou o plano diretamente a Mario Fernandes. Segundo as apurações, a execução do plano estava prevista para 15 de dezembro de 2022. Além disso, a PF indicou que o planejamento teria sido levado para discussões em 12 de novembro de 2022, na residência do general Walter Braga Netto, ex-ministro de Bolsonaro e candidato a vice-presidente na chapa de reeleição do então presidente.
Detalhes Sombrios do Plano: Envenenamento e Monitoramento
Os detalhes revelados sobre o plano são alarmantes. Para assassinar Lula, identificado pelo codinome “Jeca”, o esquema previa envenenamento ou o uso de “químicos”, ou seja, medicamentos, “para causar um colapso orgânico”, aproveitando a “vulnerabilidade de saúde e ida frequente a hospitais” do petista. Alckmin, que recebeu o codinome “Joca”, também seria neutralizado, com o objetivo de “extinguir a chapa vencedora”. O plano indicava que, “como reflexo da ação, não se espera grande comoção nacional” com a possível morte de Alckmin, em uma clara tentativa de cálculo político.
A trama contra o ministro Alexandre de Moraes era igualmente perturbadora, envolvendo o monitoramento de seus passos por militares das forças especiais do Exército, os “kids pretos”, utilizando veículos da corporação. O objetivo era realizar um reconhecimento detalhado de seu aparato de segurança, incluindo equipamentos, armamentos, veículos blindados, itinerários e horários, para planejar sua execução.
Conclusão
A admissão do general Mario Fernandes sobre a autoria do plano “Punhal Verde e Amarelo” lança uma luz ainda mais intensa sobre a gravidade da suposta tentativa de golpe de Estado em 2022. As revelações dos métodos e alvos, somadas às evidências encontradas pela Polícia Federal, indicam que o documento ia muito além de um “pensamento digitalizado”, representando uma ameaça real à democracia brasileira. As investigações prosseguem, e o desenrolar do caso será fundamental para a responsabilização dos envolvidos e para a preservação das instituições do país.
Com informações do site: O TEMPO
